sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

L - Acerca de um “insight” de publicitários que já havia sido antecipado por Aldous Huxley 76 anos antes. Triste.

.



§ 50







E adoraram o dragão que deu à besta seu poder; e a adoraram dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? (Apocalipse, 13:4)
.
Artigo 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.” (Código Penal Brasileiro)


Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação

Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente
E eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga...
Não senhor, Sim senhor




Imagino que você já conheça esse comercial nojento do Mercado Livre. Esses publicitários...sempre querendo nos empurrar lixo com aquela onipresente , desprezível e degradante atmosfera feliz , e idealmente ingênua que infecta a mente de quem tem coragem (ou a burrice?) de expor-se à mídia em geral e à televisão em particular. Essa peças publicitárias refletem ideais burgueses de um mundo no qual há circulação de mercadorias sem produção, capital sem trabalho, república sem povo...




Um homem se casando com uma moto? A que nível chegamos?? Um dia desses fiquei sabendo que existem homens que se dedicam seriamente a manter relações sexuais com automóveis! A sexualidade humana é polimórfica, diria Freud. Não, não existem limites.

Os publicitários que fizeram essa propaganda devem ter se achado o máximo, por terem “criado” uma “idéia” dessas, por ter tido um “insight” como esse...Mas quem leu e se interessou pelo profético livro de Aldous Huxley (Admirável mundo novo) certamente não se admirou pelo conteúdo da propaganda, ao contrário, apenas reforçou a sua convicção acerca da imbecilidade e da escravidão humanas, pois todas as “idéias” presentes nessa propaganda foram antecipadas por Huley com 76 anos de antecedência!

As pessoas são tão imbecis que não percebem que são cordeiros e que alegremente se deixaram vigiar pelos próprios lobos! Sinceramente, elas não merecem serem enganadas e escravizadas? Quando entendemos que os cordeiros querem ser enganados é impossível não se solidarizar com os lobos.
Numa sociedade transpassada pela alienação e pela fetichização – num mundo de ilusões e mentiras – , essa peça publicitária surge como um monumento que é, simultaneamente, explicitamente ingênuo e sintomaticamente perverso desses dois fenômenos gêmeos constitutivos das ideologias capitalistas (e cujo apogeu brilha na sociedade de consumo de massas (1)): da personalização das mercadorias e da reificação das relações sociais.



***

"Os gentios são um rebanho de carneiros e nós somos os lobos! E vocês sabem o que acontece aos carneiros quando os lobos penetram no redil!... Fecharão seus olhos sobre tudo o mais, porque nós lhes prometeremos restituir todas as liberdades confiscadas, quando se aquietarem os inimigos da paz e os partidos forem reduzidos à impotência. É inútil dizer que esperarão muito tempo esse recuo ao passado." (Os protocolos dos sábios de Sião, XI)


***
Admirável mundo novo (1932):

“’Cem repetições, três noites por semana, durante quatro anos’, pensou Bernard Marx, que era especialista em hipnopedia. ‘Sessenta e duas mil repetições fazem uma verdade. Imbecis!” (cap. III)

“Nos berçários, a lição de Consciência de Classe Elementar havia terminado; as vozes adaptavam a futura procura à futura oferta industrial: ‘Como eu adoro andar de avião’, murmuravam, ‘como eu adoro andar de avião, como eu adoro ter roupas novas, como eu adoro...(...) ‘Mas as roupas velhas são horríveis’, continuava o murmúrio infatigável. ‘Nós sempre jogamos fora roupas velhas. Mais vale dar fim que conservar, mais vale dar fim...’” (cap. III)

“- Nunca deixe para amanhã o prazer que puder gozar hoje – disse ela com seriedade.
“- Duzentas repetições, duas vezes por semana, dos quatorze aos dezesseis anos e meio – foi o único comentário dele.” (cap. VI.I)

“- Não pense que eu mantinha relações indecorosas com aquela moça. Nada de emocional, nada que se propagasse indefinidamente. Tudo era perfeitamente sadio e normal.” (cap. VI.II)

“O selvagem lia em voz alta Romeu e Julieta – lia com paixão intensa e fremente, pois via a si mesmo no lugar de Romeu, e Lenina no de Julieta. Helmholltz ouvira com interesse intrigado a cena do primeiro encontro dos dois amantes. A cena do pomar tinha-o encantado por sua poesia; mas os sentimentos expressados fizeram-no sorrir. Chegar a tal estado por causa de uma mulher parecia-lhe ridículo. Mas, examinando os detalhes verbais um por um, que trabalho soberbo de engenharia emocional!
“ – Este bom velho – disse – faz parecerem tolos os nossos melhores técnicos de propaganda.” (cap. XII)

“– É absurdo você se deixar chegar a esse estado. Simplesmente absurdo – repetiu. – E por quê? Por causa de um homem, um homem!” (cap. XIII)

“- (...) Escute, Lenina, em Malpaís as pessoas se casam.
“- As pessoas ...o quê? – A irritação recomeçara a invadir sua voz. De que estaria ele falando agora?
“- Para sempre. Fazem-se a promessa de viverem juntos para sempre.
“- Que idéia horrorosa! – Lenina ficou sinceramente chocada.” (cap. XIII)
***

“(...) O século XXI ... será a era dos ‘Controladores do Mundo’... Os ditadores mais antigos caíram porque nunca puderam suprir seus subjugados com bastante pão, bastante circo, quantidades suficientes de milagres e mistérios. Sob uma ditadura científica, a educação vai realmente funcionar – com a garantia de que a maioria dos homens e das mulheres crescerá amando sua servidão, jamais sonhando com atitudes revolucionárias. Não parece existir qualquer boa razão para que uma ditadura, cuidadosamente elaborada com requintes científicos, deva jamais ser descartada.” (Aldous Huxley em Admirado mundo novo revisitado.)

_____________________________
1 O conceito de sociedade de consumo de massa surgiu no pensamento das ciências sociais na obra do economista do mainstream W. W. Rostow (As etapas do crescimento econômico, publicado em 1959) com o objetivo de descrever a situação de bem-estar gerada pela “economias desenvolvidas”. Eu acho muito importante salientar que a alienação, a reificação, o fetichismo e a mistificação não são – de maneira alguma – características do “subdesenvolvimento”, isto é, não existem apenas nos países pobres e não democráticos. Para mim é vital reconhecer que essa situação também existe – e aliás existe com toda a força – nas sociedades ditas desenvolvidas (as quais são tomadas por nós, do “Terceiro mundo” como exemplos a serem seguidos) nas quais a população é manipulada e explorada tal gado leiteiro (digo leiteiro e não de corte pois nessas sociedades as pessoas estão aprisionadas totalmente num mecanismo parasitário que as manipula para produzir e realizar mais-valia: a mais-valia é extraída e realizada continuamente ao longo da manutenção do processo de vida do indivíduo, o que lembra mais a situação de escravidão do gado leiteiro, e não a do gado de corte). Nós, aqui no Brasil, temos o costume de idealizar as pessoas que vivem nos países do Primeiro mundo, imaginando-as como livres, independentes, inteligentes, dotadas de espírito crítico e participativo, etc. Elas podem até ser tudo isso com relação à situação vigente nos "tristes trópicos"; porém, do ponto de vista mais amplo da emancipação humana, elas não são muito diferentes de nós.



***

Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

sábado, 24 de janeiro de 2009

XLIX - Uma breve crítica ao cristianismo e a sua mais atroz forma: o (neo)pentecostalismo - parte 2 de 16.

.
.
.
§ 49






Introdução


§ 1



Os argumentos aqui apresentados foram engendrados, em sua grande maioria, pela mente do autor. Houve pouca influência direta de alguma literatura (ao contrário da indireta).

§ 2


O que o autor crítica é a posição da Religião como verdade pronta e acabada; ele não critica, tampouco se opõe, a maior parte da moral cristã. Isso porque a moral cristã não é dona exclusiva de sua maior parte – esta estabelece ligação com ramos da filosofia e com várias morais espalhadas por nosso.

Dos preceitos básicos de cristianismo – “amar a Deus sobre todas as coisas e fazer aos outros o que farias a si mesmo” – o autor concorda com a segunda parte.

O problema está no fato de que a Igreja impõe, assuma ela ou não, à grande maioria dos fiéis, o cumprimento desses preceitos pela ameaça. Não se respeita o próximo por consciência social ou por cidadania, mas sim por medo do castigo eterno.

Quando uma pessoa é verdadeiramente educada, ensinam-lhe que a sociedade é o conjunto das pessoas – que formam uma redá integrada de inter-relações –, e que a agressão a uma destas pessoas é uma agressão à sociedade e, portanto, a si mesmo. O opróbrio de uns é capaz de influenciar (fraca ou veementemente) os outros. Um exemplo disso é a exclusão social que afeta milhões de pessoas nos grandes centros urbanos: a falta de liberdade destas pessoas (determinada por sua exclusão da sociedade organizada) redunda na restrição da liberdade de toda sociedade (pois muitos dos excluídos reagem caindo na criminalidade, o que obriga a “boa sociedade” a investir em segurança – e a transformar a residência das “pessoas de bem” num verdadeiro presídio).

Quando se cria um ética a partir da racionalidade, a agressão ao outro nos parece uma agressão a nós mesmos.

§ 3


A crítica neste texto é feita ao cristianismo não porque está é a única religião merecedora de críticas, mas sim porque ele representa o credo da maioria da população desse país. Deixe-se claro que o autor, em seu agnosticismo, se opõe a qualquer credo.

§ 4


O presente texto se divide em três partes:

I – Crítica à fé. visa a esclarecer alguns dos motivos pelos quais a fé resiste após a morte de deus.

II – Crítica ao cristianismo. Visa a mostrar alguns argumentos contra esse credo em particular.

III – Crítica ao (neo)pentecostalismo. Visa salientar a farsa desse ramo do cristianismo.


§ 5


Muitos dos conceitos e preceitos abordados nesse texto se apresentam de forma sucinta e genérica. Recomenda-se aos interessados pesquisa-los mais a fundo.




Atenção: Como eu já disse no § 46, esse texto foi escrito em 2002, quando eu tinha 16 anos. Muito do que está escrito aqui já não representa com exatidão a minha atual forma de pensar. Porém creio que o texto ainda pode ser útil para aqueles que atualmente vivem situações (de apostasia) semelhantes às que eu vivi à época em que escrevi isso.


***

Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

### 15 - O Universo como um Holograma.

.


#
#
#

15








Em 1982 ocorreu um facto muito importante. Na Universidade de Paris uma equipa de pesquisa liderada pelo físico Alain Aspect, realizou o que pode tornar-se a mais

importante experiência do século XX. Você não ouviu falar sobre isto nas notícias da noite. De facto, a menos que você tenha o hábito de ler jornais e revistas científicas, você provavelmente nunca ouviu falar no nome de Aspect. E há muitos que pensam que o que ele descobriu pode mudar a face da ciência.

Aspect e a sua equipa descobriram que sob certas circunstâncias, partículas sub atómicas como os electrões são capazes de, instantaneamente, comunicarem umas com as outras a despeito da distância que as separe. Não importa se esta distância é de 10 pés ou de 10 biliões de milhas. De alguma forma uma partícula sabe sempre o que a outra está a fazer. O problema com esta descoberta é que isto viola a por muito tempo sustentada afirmação de Einstein que nenhuma comunicação pode viajar mais rápido que a velocidade da luz. E como viajar mais rápido que a velocidade da luz é o objectivo máximo para quebrar a barreira do tempo, este facto estonteante tem feito com que muitos físicos tentem descartar, com maneiras elaboradas, as conclusões de Aspect. Mas também têm proporcionado que outros busquem explicações mais radicais.

O físico da Universidade de Londres, David Bohm, por exemplo, acredita que as descobertas de Aspect implicam que a realidade objectiva não existe, que, a despeito da aparente solidez, o Universo está no coração de um holograma fantástico, gigantesco e extremamente detalhado.

Para entender porque Bohm faz esta afirmação surpreendente, temos primeiro que saber um pouco sobre hologramas. Um holograma é uma fotografia tridimensional feita com a ajuda de um laser. Para fazer um holograma, o objecto a ser fotografado é primeiro banhado com a luz de um raio laser. Então um segundo raio laser é colocado fora da luz reflectida do primeiro e o padrão resultante da interferência (a área aonde se combinam estes dois raios laser) é capturada no filme. Quando o filme é revelado, parece um redemoinho de luzes e linhas escuras. Mas logo que este filme é iluminado por um terceiro raio laser, aparece a imagem tridimensional do objecto original.

A tridimensionalidade destas imagens não é a única característica importante dos hologramas. Se o holograma de uma rosa é cortado a metade e então iluminado por um laser, em cada metade ainda será encontrada uma imagem da rosa inteira. E mesmo que seja novamente dividida cada parte do filme sempre apresentará uma menor, mas ainda intacta versão da imagem original. Diferente das fotografias normais, cada parte de um holograma contém toda a informação possuída pelo todo.

A natureza de "todo em cada parte" de um holograma proporciona-nos uma maneira inteiramente nova de entender organização e ordem. Durante a maior parte da sua história, a ciência ocidental tem trabalhado dentro de um conceito que a melhor maneira para entender um fenómeno físico, seja ele um sapo ou um átomo, é dissecá-lo e estudar as suas partes respectivas. Um holograma ensina-nos que muitas coisas no Universo não podem ser conduzidas por esta abordagem. Se tentamos tomar alguma coisa à parte, alguma coisa construída holograficamente, não obteremos as peças da qual esta coisa é feita, obteremos apenas inteiros menores.

Este "insight" é o sugerido por Bohm como outra forma de compreender os aspectos da descoberta de Aspect. Bohm acredita que a razão que habilita as subpartículas a permanecerem em contacto umas com as outras a despeito da distância que as separa não é porque elas estejam a enviar algum tipo de sinal misterioso, mas porque esta separação é uma ilusão. Ele argumenta que num nível mais profundo da realidade estas partículas não são entidades individuais, mas são extensões da mesma coisa fundamental.

Para capacitar as pessoas a melhor visualizarem o que ele quer dizer, Bohm oferece a seguinte ilustração: imagine um aquário que contém um peixe. Imagine também que você não é capaz de ver este aquário directamente e o seu conhecimento deste aquário dá-se por meio de duas câmaras de televisão, uma dirigida ao lado da frente e outra à parte lateral.

Quando você fica a observar atentamente os dois monitores, você acaba por presumir que o peixe de cada uma das telas é uma entidade individual. Isto porque, como as câmaras foram colocadas em ângulos diferentes, cada uma das imagens será também ligeiramente diferente. Mas se você continua a olhar para os dois peixes, você acaba por adquirir a consciência de que há uma relação entre eles. Quando um se vira, o outro faz uma volta correspondente apenas ligeiramente diferente; quando um se coloca de frente para a frente, o outro se coloca de frente para o lado. Se você não sabe das angulações das câmaras você pode ser levado a concluir que os peixes estão a inter comunicar-se, apesar de claramente este não ser o caso.

Isto, diz Bohm, é precisamente o que acontece com as partículas sub atómicas na experiência de Aspect. Segundo Bohm, a aparente ligação «mais-rápido-do-que-a-luz» entre as partículas sub atómicas está a dizer-nos que realmente existe um nível de realidade mais profundo da qual não estamos privados, uma dimensão mais complexa além da nossa própria que é análoga ao aquário. E ele acrescenta, vemos objectos como estas partículas sub atómicas como se estivessem separadas umas das outras porque estamos a ver apenas uma porção da realidade delas. Estas partículas não são partes separadas mas sim facetas de uma unidade mais profunda e mais subliminar que é holográfica e indivisível como a rosa previamente mencionada. E como tudo na realidade física está compreendido dentro destes "eidolons", o próprio universo é uma projecção, um holograma.

Em adição a esta natureza fantástica, este universo possuiria outras características surpreendentes. Se a aparente separação das partículas sub atómicas é uma ilusão, isto significa que em nível mais profundo de realidade todas as coisas do universo estão infinitamente inter conectadas.

Os elétrons num átomo de carbono no cérebro humano estão inter conectados com as partículas sub atómicas que compreendem cada salmão que nada, cada coração que bate, e cada estrela que brilha no céu.

Tudo interpenetra tudo e embora a natureza humana possa buscar categorizar como um pombal e subdividir os vários fenómenos do universo, todos os aportes toda esta necessidade é de fato artificial e todas de natureza que é finalmente uma rede sem sentido.

Em um universo holográfico, mesmo o tempo e o espaço não podem mais serem vistos como fundamentais. Porque conceitos como localização se quebram diante de um universo em que nada está verdadeiramente separado de nada, tempo e espaço tridimensional, como as imagens dos peixes nos monitores, também podem ser vistos como projecções de ordem mais profunda.

Este tipo de realidade a nível mais profundo é um tipo de super holograma no qual o passado, o presente, o futuro existem simultaneamente. Sugere que tendo as ferramentas apropriadas pode ser algum dia possível entrar dentro deste nível de realidade super holográfica e trazer cenas do passado há muito esquecido. Seja o que for que o super holograma contenha, é ainda uma questão em aberto. Pode-se até admitir, por amor a argumentação, que o super holograma é a matriz que deu nascimento a tudo em nosso universo e no mínimo contém cada partícula sub atómica que existe ou existirá - cada configuração da matéria e energia que é possível, de flocos de neve a quasars, de baleias azuis aos raios gamma. Deve ser visto como um tipo de "depósito" de "Tudo que é".

Embora Bohm admita que não há maneira de saber o que mais pode estar oculto no super holograma, ele se arrisca em dizer que não temos qualquer razão para admitir que ele não contenha mais. Ou, como ele coloca, talvez o nível super holográfico da realidade é um simples estágio além do que repousa "uma infinidade de desenvolvimento posterior".

Bohm não é o único pesquisador que encontrou evidências de que o universo é um holograma. Trabalhando independentemente no campo da pesquisa cerebral, o neurofisiologista Karl Pribram, de Standford também se persuadiu da natureza holográfica da realidade. Pribram desenhou o modelo holográfico para o quebra-cabeças de como e onde as memórias são guardadas no cérebro.

Por décadas, inúmeros estudos tem mostrado que muito mais que confinadas a uma localização específica, as memórias estão dispersas pelo cérebro.

Em uma série de experiências com marcadores na década de 20, o cientista cerebral Karl Lashley concluiu que não importava que porção do cérebro do rato era removida; ele era incapaz de erradicar a memória de como eram realizadas as atividades complexas que tinham sido aprendidas antes da cirurgia. O único problema foi que ninguém foi capaz de poder explicar a natureza de "inteiro em cada parte" da estocagem da memória.

Então, na década de 60, Pribram encontrou o conceito de holografia e entendeu que ele tinha achado a explicação que os cientistas cerebrais estavam buscando. Pribram acredita que as memórias são codificadas não nos neurônios, ou pequenos grupos de neurônios, mas em padrões de impulsos nervosos de tipo cruzado em todo o cérebro da mesma forma que a interferência da luz laser atravessa toda a área de um pedaço de filme contendo uma imagem holográfica. Em outras palavras, Pribram acredita que o próprio cérebro é um holograma.

A teoria de Pribram também explica como o cérebro humano pode guardar tantas memórias em um espaço tão pequeno.

Tem sido calculado que o cérebro humano tem a capacidade de memorizar algo na ordem de 10 bilhões de bits de informação durante a média da vida humana (ou rudemente comparando, a mesma quantidade de informação contida em cinco volumes da Encyclopaedia Britannica).

Similarmente, foi descoberto que em adição a suas outras capacidades, o holograma possui uma capacidade de estocagem de informação simplesmente mudando o ângulo no qual os dois lasers atingem um pedaço de filme fotográfico, e é possível gravar muitos registros diferentes na mesma superfície. Tem sido demonstrado que um centímetro cúbico pode estocar mais que 10 bilhões de bits de informação.

Nossa habilidade de rapidamente recuperar qualquer informação que precisamos do enorme estoque de nossas memórias se torna mais compreensível se o cérebro funciona segundo princípios holográficos. Se um amigo pede a você que diga o que lhe vem a mente quando ele diz a palavra "zebra", você não tem que percorrer uma gigantesca lista alfabética para encontrar a resposta. Ao contrário, associações como "listrada", parecida com um cavalo e "animal nativo da África" logo lhe vem à mente.

Uma das coisas mais surpreendentes sobre o processo de pensamento humano é que cada peça de informação parece imediatamente correlacionada com muitas outras - uma outra característica intrínseca do holograma. Por que cada porção de um holograma é infinitamente interligada com todas as outras porções, talvez seja a natureza o supremo exemplo de um sistema interligado.

A estocagem da memória não é o único quebra-cabeças neurofisiológico que se torna abordável à luz do modelo holográfico de cérebro de Pribram.

Um outro é como o cérebro é capaz de traduzir a avalanche de freqüências que recebe via sentidos (freqüências de sons, freqüências de luz e assim por diante) dentro do mundo concreto de nossas percepções. Codificando e decodificando freqüências é precisamente o que o holograma faz melhor.

Exatamente como um holograma funciona como um tipo de lente, um aparelho tradutor capaz de converter um borrão de freqüências aparentemente sem sentido em uma imagem coerente, Pribram acredita que o cérebro também parece uma lente e usa os princípios holográficos para converter matematicamente as freqüências que recebe através dos sentidos dentro do mundo interior de nossas percepções. Um impressionante corpo de evidência sugere que o cérebro usa os princípios holográficos para realizar as suas operações. A teoria de Pribram de fato tem ganho suporte crescente entre os neurofisiologistas.

O pesquisador ítalo-argentino Hugo Zucarelli recentemente estendeu o modelo holográfico ao mundo dos fenômenos acústicos. Confuso pelo fato de que os humanos podem localizar a fonte dos sons sem moverem as cabeças, mesmo se eles só possuem audição em um ouvido, Zucarelli descobriu que os princípios holográficos podem explicar estas habilidades.

Zucarelli também desenvolveu uma técnica de som holográfico, uma técnica de gravação capaz de reproduzir sons acústicos com um realismo quase inconcebível.

A crença de Pribram que nossos cérebros constroem matematicamente a "dura" realidade pela liberação de um input de uma freqüência dominante também tem recebido grande quantidade de suporte experimental. Foi descoberto que cada um de nossos sentidos é sensível a uma extensão muito mais ampla de freqüências do que se suspeitava anteriormente.

Os pesquisadores tem descoberto, por exemplo, que nosso sistema visual é sensível às freqüências de som, nosso sentido de olfato é em parte dependente do que agora chamamos de freqüências ósmicas e que mesmo cada célula de nosso corpo é sensível a uma ampla extensão de freqüências. Estas descobertas sugerem que está apenas sob o domínio holográfico da consciência e que estas freqüências são selecionadas e divididas dentro das percepções convencionais.

Mas o mais envolvente aspecto do modelo holográfico cerebral de Pribram é o que acontece quando ele é conjugado à teoria de Bohm. Se a "concretividade" do mundo nada mais é do que uma realidade secundária e o que está "lá" é um borrão de freqüências holográfico, e se o cérebro é também um holograma e apenas seleciona algumas das freqüências deste borrão e matematicamente transforma-as em percepções sensoriais, o que vem a ser a realidade objetiva? Colocando de forma simples, ela deixa de existir.

Como as religiões orientais há muito tem afirmado, o mundo material é Maya, uma ilusão, e embora pensemos que somos seres físicos que se movem em um mundo físico, isto também é uma ilusão. Somos realmente "receptores" boiando num mar caleidoscópico de freqüência, e que extraímos deste mar e transformamos em realidade física não é mais que um canal entre muitos do super holograma.

Esta intrigante figura da realidade, a síntese das abordagens de Bohm e Pribram tem sido chamada de "paradigma holográfico", e embora muitos cientistas tenham recebido isto com ceticismo, este paradigma tem galvanizado outros. Um pequeno mas crescente grupo de pesquisadores acredita que este pode ser o modelo mais acurado da realidade científica que foi mais longe. Mais do que isto, muitos acreditam que ele pode solucionar muitos mistérios que nunca foram antes explicados pela ciência e mesmo estabelecer o paranormal como parte da natureza.

Numerosos pesquisadores como Bohm e Pribram tem notado que muitos fenômenos parapsicológicos se tornam muito mais compreensíveis em termos do paradigma holográfico.

Em um universo em que cérebros individuais são atualmente porções indivisíveis de um holograma muito maior e tudo está infinitamente interligado, a telepatia pode ser simplesmente o acessamento do nível holográfico. E é obviamente muito mais fácil entender como a informação pode viajar da mente do indivíduo A para a do indivíduo B ao ponto mais distante e auxilia a entender um grande número de quebra- cabeças em psicologia.

Em particular, Grof sente que o paradigma holográfico oferece um modelo de compreensão para muitos estonteantes fenômenos vivenciados por indivíduos durante estados alterados de consciência. Nos anos 50, conduzindo uma pesquisa em que se acreditava que o LSD seria um instrumento psicoterapêutico, Grof teve uma paciente que de repente ficou convencida que tinha assumido a identidade de uma femea de uma espécie pré-histórica de répteis.

Durante o curso da alucinação dela, ela não somente deu riquissimos detalhes do que ela sentia ao ser encapsulada naquela forma, mas notou que uma porção do macho daquela espécie tinha anatomia que era um caminho para as escamas coloridas ao lado de sua cabeça. O que foi surpreendente para Grof é que a mulher não tinha conhecimento prévio sobre estas coisas, e uma conversação posterior com um zoologista confirmou que em certas espécies de repteis as áreas coloridas na cabeça tem um importante papel como estimulantes do desenvolvimento sexual.

A experiência desta mulher não foi única. Durante o curso da pesquisa, Grof encontrou exemplos de pacientes regredindo e se identificando com virtualmente todas as espécies na árvore evolucionária (descobertas da pesquisa ajudaram a influenciar a cena do homem-vindo-do- macaco no filme Altered States). E mais ainda, ele descobriu que estas experiências freqüentemente continham detalhes obscuros que mais tarde vieram a ser confirmados como acurados.

Regressões dentro do reino animal não são os únicos quebra cabeças entre os fenômenos psicológicos que Grof encontrou.

Ele também teve pacientes que pareciam entrar em algum tipo de consciência racial ou coletiva. Indivíduos com pouca ou nenhuma educação repentinamente davam detalhadas descrições das práticas funerárias do Zoroastrismo e cenas da mitologia hindu. Em outro tipo de experiências os indivíduos forneciam relatos persuasivos de jornadas fora do corpo, relâmpagos pré cognitivos do futuro, de regressões dentro de aparentemente encarnações de vidas passadas.

Em pesquisa posterior, Grof encontrou a mesma extensão de fenômenos manifestados em seções de terapia que não envolviam o uso de drogas. Em virtude dos elementos em comum nestas experiências parecerem transcender a consciência individual, além dos usuais limites do ego e/ou as limitações de tempo ou espaço, Grof chamou estas manifestações de experiências transpessoais e no fim dos anos 60 ele auxilou na fundação de um ramo de psicologia chamada "psicologia transpessoal" e se devotou inteiramente ao seu estudo.

Embora a recém-fundada Association of Transpersonal Psychology conquistasse um rápido crescimento entre o grupo de profissionais de mente similar, e se tornasse um ramo respeitado da psicologia, durante anos nem Grof nem seus colegas foram capazes de fornecer um mecanismo para explicar os bizarros fenômenos psicológicos que eles estavam testemunhando. Mas isto mudou com o advento do paradigma holográfico. Como Grof recentemente notou, se a mente é parte de um continuum, um labirinto que é conectado não somente as outras mentes que existem ou existiram, mas a cada átomo, cada organismo e região na vastidão do espaço e tempo, o fato de que seja capaz de ocasionalmente fazer entradas no labirinto e Ter experiências transpessoais não pode mais parecer estranho.

O paradigma holográfico tem também implicações nas chamadas ciências "concretas" como a biologia. Keith Floyd, um psicólogo do Virginia Intermont College, tem pontificado que a concretividade da realidade é apenas uma ilusão holográfica, e não está muito longe da verdade dizer que o cérebro produz a consciência. Mais ainda, é a consciência que cria a aparência do cérebro - bem como do corpo e de tudo mais que nós interpretamos como físico.

Esta virada na maneira de se ver as estruturas biológicas fez com que pesquisadores apontassem que a medicina e o nosso entendimento do processo de cura poderia também ser transformado em um paradigma holográfico. Se a aparente estrutura física do corpo nada mais é do que a projeção holográfica da consciência, torna-se claro que cada um de nós é mais responsável por sua saúde do que admite a atual sabedoria médica. Que nós agora vejamos as remissões miraculosas de doenças podem ser próprias de mudanças na consciência que por sua vez efetua alterações no holograma do corpo.

Similarmente, novas técnicas controversas de cura como a visualização podem funcionar muito bem porque no domínio holográfico de imagens pensadas que são muito "reais" se tornam "realidade". Mesmo visões e experiências que envolvem realidades "não ordinárias" se tornam explicáveis sob o paradigma holográfico. Em seu livro, "Gifts of Unknown Things," o biologista Lyall Watson descreve seu encontro com uma mulher xamã indonésia que, realizando uma dança ritual , foi capaz de fazer um ramo inteiro de uma árvore desaparecer no ar. Watson relata que ele e outro atônito expectador continuaram a olhar para a mulher, e ela fez o ramo reaparecer, desaparecer novamente e assim por várias vezes.

Embora o atual entendimento científico seja incapaz de explicar estes eventos, experiências como esta vem a ser mais plausíveis se a "dura" realidade é apenas uma projeção holográfica. Talvez concordemos sobre o que está "lá" ou "não está lá " porque o que chamamos consenso realidade é formulada e ratificada a nível de inconsciência humana a qual todas as mentes estão interligadas.

Se isto é verdade, a mais profunda implicação do paradigma holográfico é que as experiências do tipo da de Watson não são lugares comum somente porque nós não temos programado nossas mentes com as crenças que fazem com que sejam.

Num universo holográfico não há limites para a extensão do quanto podemos alterar o tecido da realidade. O que percebemos como realidade é apenas uma forma esperando que desenhemos sobre ela qualquer imagem que queiramos.

Tudo é possível, de colheres entortadas com o poder da mente aos eventos fantasmagóricos vivenciados por Castaneda durante seus encontros com o bruxo Yaqui Don Juan, mágico de nascença, não mais nem menos miraculoso que a nossa habilidade para computar a realidade que nós queremos quando sonhamos.

E assim, mesmo as nossas noções fundamentais sobre a realidade se tornam suspeitas, dentro de um universo holográfico, como Pribram postulou, e mesmo eventos ao acaso podem ser vistos dentro dos princípios básicos holográficos e portanto determinados.

Sincronicidades ou coincidências significativas de repente fazem sentido, e tudo na realidade terá que ser visto como uma metáfora, e mesmo eventos ao acaso expressariam alguma simetria subjacente.

Seja o paradigma holográfico de Bohm e Pribram aceito na ciência ou morra de morte ignóbil, é seguro dizer que ele já tem influenciado a mente de muitos cientistas. E mesmo se descoberto que o modelo holográfico não oferece a melhor explicação para as comunicações instantâneas que vimos ocorrer entre as partículas subatômicas, no mínimo, como observou notou Basil Hiley, um físico do Birbeck College de Londres, os achados de Aspect " indicam que devemos estar preparados para considerar radicalmente novos pontos de vista da realidade".

Fonte:

http://www.pan-portugal.com/library/articles/holograma.html




***

À medida que a brana se expandisse, o volume do espaço multidimensional dentro dela aumentaria. No final, haveria uma enorme bolha cercada pela brana onde vivemos. Mas vivemos realmente na brana? De acordo com o conceito sobre holografia descrito no capítulo 2, informações sobre o que acontece em uma região do espaço-tempo podem ser codificadas em seu limite. Assim, talvez pensemos que vivemos em um mundo quadridimensional por sermos sombras projetadas na brana pelo que está acontecendo no interior da bolha.

(Stephen Hawking, O Universo numa Casca de Noz, capítulo 7 – Admirável mundo novo das branas)

sábado, 17 de janeiro de 2009

XLVIII – Meu deus! Quanto tempo eu fiquei sem saber! Isso não poderia ter acontecido - # 1: pentagrama invertido em Wahington D. C.


.
.
.

§ 48




Carta 15, O Diabo.

Muito acima da Terra vi a hedionda face vermelha do diabo, com grandes orelhas cabeludas, a barba pontuda e os chifres curvos de um bode. Entre os chifres da testa do diabo, um pentagrama invertido brilhava com luz fosforecente. Duas asas cinzentas, membranosas, como as asas de um morcego, ambas abertas. O diabo erguia um gordo braço nu com o cotovelo torto e os dedos estendidos, e na palma reconheci o sinal da magia negra. Na outra mão levava uma tocha acesa, apontando para baixo, e dela erguiam-se nuvens de fumaça sufocante. O diabo sentou-se num grande cubo negro, seguro firmemente entre as garras de suas pernas cabeludas como de animais.

(Escrito em 1929 por P. D. Ouspenski e publicado no capítulo V – O Simbolismo do Tarô – do livro Um novo modelo do Universo . Negritos adicionados)



Na seção restrita para assinantes no site Espada do Espírito, David Bay apresenta vários textos que tratam da cidade de Wahington D. C. e que mostram como as ruas da cidade e vários de seus monumentos foram projetados segundo uma simbologia ocultista. E esses símbolos estão ali, embaixo do nariz do povo estúpido, que não percebe esse deboche, esse escárnio, dos seus algoses e senhores. É realmente cômico.

Num dos textos, David Bay afirma que ruas e praças da cidade formam a satânica figura do pentáculo invertido. Como “prova” o pastor apresenta então um mapa fajuto da cidade.

As imagens do Google Earth presentes nessa postagem CONFIRMAM a realidade desse ABSURDO, dessa COMPLETA LOUCURA saída da cabeça demente do pastor da The Cutting Edge Ministries. E pior, o que ele esqueceu de dizer: a ponta inferior do pentagrama está apontando EXATAMENTE para o sul geográfico, não deixando dúvidas que se trata do pentagrama INVERTIDO, associado à magia negra, e não um pentagrama comum, associado à magia branca.






O que diz a Wikipédia sobre o pentagrama invertido? Isto:

Muitas pessoas que se intitulam Satanistas usam o Pentagrama invertido (com duas pontas para cima), afirmando significar o triunfo da Matéria sobre o Espírito, ou a vitória do Mal sobre o Bem. Ainda que, originalmente, o Pentagrama com duas pontas para cima já aparecia, no paganismo pré-cristão, como um dos símbolos da Grande Mãe (pela semelhança com um canal vaginal, um útero e duas trompas). Assim sendo, o pentagrama invertido possui significados paralelos.
Devemos ter em mente que apenas após o advento do Cristianismo, a igreja o associou como símbolo do Mal, numa tentativa de conversão dos pagãos ao culto cristão (Ver Também Inquisição).






Agora, pouco importa se o símbolo é pagão, é ocultista, é satânico, é babilônico, é celta, ou seja lá o que for. O que importa é que não é um símbolo cristão, e está alí, no trono do poder mundial, escondido embaixo do nariz de todo mundo, dessa massa ignara, desses “cristãos imbecis” (Os Protocolos dos Sábios de Sião, XII), e tudo isso numa nação na qual a maioria da população é (ou pensa ser) cristã, numa nação na qual os presidentes pedem constantemente para a população orar (tanto Rosevelt quanto Bush filho pediram para a população estúpida orar quando enviaram os “filhos da democracia” para morrer na guerra).

E é o mesmo bando de imbecis, que é formado tanto por cristãos quanto por céticos, são esses mesmos retardados que não percebem que seus governantes possuem uma religião secreta (a qual apenas pode existir dentro de uma sociedade secreta, criada e mantida por um poder secreto), são esses mesmos idiotas que são enganados descaradamente por seus legítimos representantes, são esses mesmos otários, dizia eu, que debocham de alguém que leva a sério a possibilidade de existir uma conspiração dos governantes para nos escravizar e nos matar. Vão à merda.

Eis a suma irônia perpetrada por esses demônios hipócritas na cara do mundo inteiro: qual é o nome da edificação que se encontra exatamente na ponta inferior do pentáculo invertido (a ponta que concentra o poder da magia negra)? É a Casa Branca! A sede do poder executivo da União, responsável por cumprir e fazer cumprir a lei! É simplesmente inacreditável. Surreal.

A partir de 2006 eu notei que o pentáculo invertido passou a aparecer em camisetas, junto com o pentagrama "normal" ou substituindo-o; ele passou também a ser utilizado como enfeite natalino, novamente substituindo a estrela de cinco pontas convencional, com a ponta para cima:















***

Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

sábado, 10 de janeiro de 2009

### 14 – Laisser faire, laisser passer – 7.

.
.
.
#
#

#
14









A fabricação de fósforos de atrito data de 1833, quando se inventou o processo se aplicar o fósforo ao palito de madeira. Desde 1845 se desenvolveu rapidamente na Inglaterra, espalhando-se das zonas mais populosas de Londres, para Manchester, Birmingham, Liverpool, Bristol, Norwich, Newcastle e Glasgow e com ela floresceu o trismo, que, segundo descoberta de um médico de Viena já em 1845, é doença peculiar dos trabalhadores dessa indústria. A metade dos trabalhadores são meninos com menos de 13 anos e adolescentes com menos de 18. Essa indústria é tão insalubre, tão repugnante e mal afamado que somente a parte mais miserável da classe trabalhadora, viúvas famintas etc., cedem-lhe seus filhos, “crianças esfarrapadas, subnutridas, sem nunca terem freqüentado a escola”(L. c., p. LIV). Entre as testemunhas inquiridas pelo comissário White (1863), 270 tinham menos de 18 anos, 40 menos de 10, 10 apenas 8 e 5 apenas 6. O dia de trabalho varia entre 12, 14 e 15 horas, com trabalho noturno, refeições irregulares, em regra no próprio local de trabalho, empestado pelo fósforo. Dante acharia que foram ultrapassadas nessa indústria suas mais cruéis fantasias infernais.

Na fabricação de papéis pintados, os modelos mais grosseiros eram impressos a máquina e os mais finos a mão. O período de maior movimento vai de começo de outubro a fim de abril. Nesse período, o trabalho quase sem interrupção dura freqüentemente de 6 da manhã às 10 da noite ou mais.

J. Leach depõe: “No inverno passado (1862), entre 19 moças não compareceram, 6 em virtude de doenças causadas por excesso de trabalho. Tinha de gritar para elas a fim de mantê-las acordadas.”

Duffy: “Às vezes os garotos não podiam abrir os olhos de cansaço e o mesmo sucedia conosco.”

J. Lightbourne: “Tenho 13 anos de idade... no último inverno trabalhávamos até às 9 da noite e no inverno anterior até às 10. No inverno passado, meus pés feridos doíam tanto que eu gritava todas as noites.”

G. Aspden: “Este meu filho quando tinha 7 anos de idade eu o carregava nas costas através da neve, na ida e na volta, e ele trabalhava 16 horas... Muitas vezes me ajoelhei para lhe dar comida enquanto ele estava junto à maquina, pois não devia abandoná-la nem deixa-la parar.”

Smith, sócio-gerente de uma fábrica de Manchester: “Nós” (ele quer dizer seus empregados que trabalham para ele) “trabalhamos sem interrupção para refeições, de modo que o dia de trabalho de 10 horas e meia acaba às 4 da tarde e o que vem depois é trabalho extraordinário”. Será que esse mesmo senhor Smith não toma, por acaso, durante as 10 horas e meia? “Nós” (o mesmo Smith) “raramente paramos de trabalhar antes das 6 horas da tarde” (ele quer dizer, de consumir “nossas” máquinas humanas), “de modo que nós” (ainda Smith) “trabalhamos horas extraordinárias durante o ano inteiro... Os menores e os adultos (152 meninos e jovens com menos de 18 anos e 140 adultos) trabalharam igualmente em média, durante os últimos 18 meses, pelo menos 7 dias e 5 horas por semana, ou seja, 78 horas e meia semanalmente. Nas 6 semanas que acabaram a 2 de maio deste ano (1863), a média foi superior: 8 dias de trabalho, ou 84 horas de trabalho por semana!”

O mesmo Smith, entretanto, que fala no plural como as majestades, acrescenta sorrindo: “O trabalho à maquina é fácil”. Já o patrão que faz pintar a mão os papéis pintados diz: “O trabalho manual é melhor para a saúde que o trabalho à máquina”. Mas os patrões são unânimes em protestar indignados contra a proposta de “fazer parar as máquinas, pelo menos durante as refeições.”

(Karl Marx, O Capital, Livro I, capítulo 8.3.)

***

Os agentes econômicos respondem a estímulos na sua ação racional (i.e., ação capaz de formular estratégias e que não erra sistematicamente) e voltada ao seu interesse próprio (i.e., que busca a maximização de sua satisfação por meio do atendimento ótimo das suas necessidades).





segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

XLVII - Acerca da desilusão do mundo e da renúncia dela decorrente.


.

.

§ 47





Onde está a saída para tudo isso? E há uma saída?
Devemos reconhecer o fato de que ninguém sabe. Só há uma coisa certa, e é que nenhum dos caminhos oferecidos à humanidade por seus amigos e benfeitores é, em nenhum sentido, uma saída. A vida está se tornando cada vez mais intrincada e complicada, mas mesmo nessa confusão e complicação, ela não assume nenhuma forma nova, mas repete interminávelmente as mesmas velhas formas.

(Escrito em 1934 por P. D. Ouspenski e publicado no capítulo XI – O Eterno retorno e as Leis de Manu – do livro Um novo modelo do Universo.)

.

Lembra e vê que o caminho é um só. (Quando o sol bater na janela do seu quarto, Renato Russo inspirado pela Doutrina de Buda)


"A verdade poderá ser um choque, ou uma grande dor e talvez, depois de conhecê-la, tivesse preferido permanecer na ignorância. Pois o que vier a conhecer não poderá lhe dar esperança alguma."

Custa a crer como a vida de cada pessoa é insignificante , estúpida e sem sentido. O enredo básico de todas as vidas é exatamente o mesmo: nascimento, busca do prazer, sofrimento, ilusão, esforços em vão, doenças, escravidão, morte, e o resto. A maioria, ainda, se reproduz no meio desse tortuoso caminho de nada para lugar nenhum. Eles não sabem o que fazem.

A maioria das pessoas nasce de um gravidez não planejada, nasce, portanto, de uma fatalidade: os pais queriam o prazer sexual, queriam o "amor" e - para eles - o filho foi apenas uma consequência dessa busca. Eles não sabem que a função secreta desse prazer e desse amor é justamente o filho que para eles surgiu como um aspecto secundário de suas ilusões. Passados, em média, uns 20 e poucos anos de seu nascimento o indivíduo repete o ciclo e, de novo, se reproduz, de novo afirma essa vida que não possui outro sentido senão o de se repetir ciclicamente até não o poder mais.. E então a mesma história se repete e se repete:o processo de domesticação do animal que nasce (a criança), a repressão dos seus impulsos irracionais e a modelação desses impulsos para que sejam "úteis" à coletividade ( isto é: úteis à perpetuação sem sentido da vida social), a construção das ilusões: tudo se repete,se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete, se repete.......................................E o indivíduo não percebe isso; ele, na sua estreiteza, vê, no máximo, até "os filhos dos seus netos" e acha que a repetição desse velho estribilho pode realmente trazer alguma novidade, pode realmente colocar algo novo debaixo do sol.

Mas não importa quem a pessoa é, não importa em que época e lugar ela nasceu, não importam o seu sexo, a sua idade, a sua classe social, etc., pois todos - todos - sofrem por não terem o que querem; pois todos - todos - vivem ilusões e acreditam em fantasias, as mais diversas, para fingirem para si mesmos que a vida tem algum sentido, para esconderem o vazio e a futilidade radical da existência; pois todos - todos - são escravos: dos seus vícios (dos seus neurotransmissores), da sua ignorância, dos seus desejos (que estupidamente podem ser chamados de "sonhos"), das suas ilusões, dos governantes, de indivíduos de outras classes sociais, da morte, etc.

A rigor a nossa vida não faz sentido algum, a rigor nós não temos nenhum instrumento que seja capaz de nos dar uma resposta definitiva e verdadeira sobre os segredos da vida, a rigor ninguém realmente nos ama a ponto de poder nos salvar de nós mesmos, a rigor o nosso "eu" nem mesmo existe: é uma ficção que depende da memória e do reconhecimento do outro para poder reconhecer a si mesmo como uma unidade estável ao longo do tempo, a rigor a nossa vida inteira é uma busca tola e sem fim pela satisfação de desejos tolos e estúpidos.

Contra essa realidade chocante, contra esse vazio abissal do qual somos feitos, o psiquismo precisa nos proteger com ilusões: com religiões, com ideologias, com o "amor", com a auto-estima. Nós precisamos acreditar que somos importantes; nós precisamos acreditar que a nossa vida faz algum sentido; nós precisamos acreditar que a vida (na sua totalidade) faz algum sentido; nós precisamos acreditar que esse Frankstein chamado "eu" existe como uma unidade e é até mesmo eterno; nós precisamos acreditar que realmente decidimos alguma coisa, que esses desejos que nos são incutidos pelos instintos e pela civilização que nos criou são realmente "nossos"; nós precisamos acreditar que esse velho e surrado estribilho que é o enredo básico da nossa vida é algo realmente novo e original.

Se o desejo fosse bom, ele não seria reprimido. Se a vida fosse boa, nosso psiquismo não a esconderia atrás de ilusões. O psiquismo precisa nos proteger da verdade por que a verdade dói, por que a verdade é terrível, por que se conhecêssemos a verdade sobre a vida nós não a quereríamos mais. Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Assim como o "querer viver" (se preferir pode chamá-lo de "instinto de preservação e de dominação", ou simplesmente de "id") é a essência do indivíduo ele também é a essência da civilização e de cada uma das suas instituições. O objetivo último do querer viver tanto no indivíduo quanto na civilização é o mesmo: é perpetuar essa vida, que ele tanto quer e sempre vai querer. E a vida que ele tanto quer é essa mesma que nós conhecemos, com todas as suas misérias, dores e mentiras: acreditar que ele quer, na verdade, uma outra vida idealizada para a qual iremos evoluir é apenas mais uma ilusão (super-homem, evolução rumo ao absoluto, e toda essa bobajada).

Como o querer viver é nossa essência e é a essência da civilização, nós e a civilização faremos tudo para nos iludir, para esconder de nós a futilidade radical da vida, para esconder de nós a farsa do mundo. A desilusão é a percepção dessa realidade que nosso psiquismo tenta nos esconder, é a admissão daquilo que queremos esconder de nós mesmos, é a intuição do vazio que sempre esteve ali e que nos estava oculto. E qual é a consequência final da desilusão? Aonde ela pode nos levar afinal? À libertação, à renúncia. Se o conhecimento de que se é um escravo serve para alguma coisa, só pode servir para guiar o indivíduo à liberdade. A verdade sobre a vida é terrível, e a verdade sobre a vida nos liberta - da vida. O não querer é o caminho para a libertação da vida (do "ciclo do renascimento"), libertação do sofrimento, libertação da falta de sentido.

O que até então queria, agora não quer mais.





***

Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

sábado, 3 de janeiro de 2009

XLVI - Uma breve crítica ao cristianismo e a sua mais atroz forma: o (neo)pentecostalismo - parte 1 de 16.

.



§ 46






Publicarei neste blog, em quinze postagens além desta, um texto que escrevi em 24 e 25 de dezembro de 2002 e que intitulei “Uma breve crítica ao cristianismo e a sua mais atroz forma: o (neo)pentecostalismo”.

O texto foi escrito logo após eu, com dezesseis anos, oficializar a minha apostasia (na prática, escrever esse texto foi uma espécie de ritualização para encerrar uma fase da minha vidinha) . Embora o texto apresente um estilo arrogante e emotivo, embora eu fosse capaz de melhorar e reformular alguns de seus argumentos, embora muitos deles soem óbvios para mim atualmente, embora outros agora me pareçam insuficientes, resolvi publicá-lo aqui tal qual como foi escrito originalmente. Isso para não tirar-lhe as cores originais, e para, também, não exigir demasiado trabalho de mim, pois acabaria por reescrever o conteúdo todo.

À época desses escritos eu me considerava um “ateu materialista”, atualmente me considero um “agnóstico schopenhauriano”.

Apresento a seguir o sumário do texto

Parte 2
Introdução
Parte 3
1. Crítica à fé.
1.1. A exclusão social e a alienação
Parte 4
1.2. A inautenticidade
Parte 5
1.3. A educação e os fatores psicológicos
1.4. Conclusão
Parte 6
2. Crítica ao cristianismo
2.1. Introdução
2.2. A alma
Parte 7
2.3. Ilusões sensoriais
2.4. A imutabilidade de deus
Parte 8
2.5. Céu e paraíso
Parte 9
2.6. A genealogia de Jesus
2.7. O livre-arbítrio
Parte 10
2.8. À nossa imagem e semelhança
2.9. Justificar o injustificável
Parte 11
2.10. A gênese de Lúcifer
2.11. A onipotência, a justiça e a bondade de deus
Parte 12
3. Crítica ao (neo)pentecostalismo
3.1. Introdução
3.2. No Éden
Parte 13
3.3. Juramos solenemente não reconhecer a verdade
3.4. O mundo é dos demônios
Parte 14
3.5. Possessões demoníacas
Parte 15
3.6. A glossolalia
3.7. Não sofra mais
Parte 16
Apêndice: O "testemunho" nas seitas (neo)pentescostais






***

Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.