sábado, 25 de julho de 2009

LXXIII - Meu deus quanto tempo eu estive sem saber! Isso não poderia ter acontecido # 3 - Nova Ordem Mundial é anunciada por Bush Sênior em 11/09/1990


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§ 73






Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado. (George Orwell, 1984)


Segundo a The Cutting Edge (liderada por David Bay) o ex-presidente dos EUA Bush pai teria anunciado a vindoura Nova Ordem Mundial justamente no dia 11/09/1990, ou seja, exatamente 11 anos antes do atentado de 11 de setembro de 2001. Já segundo o primeiro filme do Zeitgeist (de Peter Joseph), o anúncio teria ocorrido em 11/09/1991, dez anos antes do maior ataque terrorista no território estadunidense. O documentário de Joseph não chama muito a atenção para essa coincidência, porque o filme não usa insistentemente a expressão Nova Ordem Mundial (NOM) para indicar a suposta ditadura global que os conspiradores estariam preparando.

Até onde eu me lembro, o vídeo que o filme Zeitgeist apresenta é o segundo filme que aparece no vídeo a seguir:



O pastor Bay é bem mais enfático em utilizar a expressão NOM. No texto O Número '11', Que Permeia os Ataques Terroristas em 11/9/2001, É Usado no Controle Mental Bay afirma o seguinte:

Resumo da Notícia: "Famosa Citação de George Herbert Walker Bush", em 11/9/1990; George Bush discursa no Congresso americano, Sessão Conjunta, www.telemange.ca, http://centre.telemanage.ca/quotes.nsf/2b27ef985647bda38525687b0025daee/013568bbd0bc6df68525687a007b2cc0?OpenDocument

"A guerra no Iraque é uma rara oportunidade para avançarmos rumo a um período histórico de cooperação. A partir destes tempos tumultuados... uma nova ordem mundial poderá emergir."

Outra frase famosa do presidente Bush durante essa invasão iraquiana ao Kuwait, foi quando disse em agosto de 1990: "Essa invasão não se susterá, pois ameaça a Nova Ordem Mundial." Depois que George Bush apresentou esse termo ao público em geral, todos passaram a usá-lo. O então vice-presidente Dan Quayle compareceu a diversos programas de televisão para explicar e dizer a todos o quão maravilhoso era o conceito. A primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e o líder soviético Gorbachev repentinamente começaram a usar esse termo, que anteriormente era muito sigiloso, reservado apenas aos leitores de material ocultista selecionado.

Acho muito interessante que exatamente onze anos após o dia em que o presidente Bush fez seu discurso exaltando a Nova Ordem Mundial e declarando que era um fato inevitável, um grande golpe foi aplicado para finalmente colocar o mundo no rumo para esse sistema global. A Nova Ordem Mundial foi iniciada por George Bush e poderá ser concluída por seu filho George W. Bush. O estabelecimento do reino do Anticristo [a Nova Ordem Mundial] estará ocorrendo, portanto, entre os mandatos dos dois Bush! É um legado e tanto da Sociedade Caveira e Ossos, não é?


Bem, já sabemos que o anúncio do Nova Ordem Mundial ocorreu em sincronia com os atentados de 11/09/2001. A dúvida agora é: mas, afinal, foram 10 ou 11 anos antes? Para dirimir essa questão eu fui na Biblioteca Pública do Paraná pesquisar os jornais da época.

A foto que ilustra o início dessa postagem (clique nela para ampliá-la e ler a legenda) é da página 10 do jornal O Estado de São Paulo do dia 12/09/1990, quarta-feira. O jornal afirma o seguinte: "Washington - O porta-voz da Casa Branca, Marlin Fitzwater, antecipou o conteúdo de um discurso que o presidente George Bush deveria pronunciar ontem à noite em sessão conjunta do Congresso, sobre a política dos EUA na crise do Golfo Pérsico. Segundo ele, Bush quer convencer o povo norte-americano de que o esforço para deter o Iraque de Saddam Hussein vale a pena porque deverá resultar numa 'nova ordem internacional'". No final da postagem há uma foto do microfilme do jornal paranaense Gazeta do Povo da mesma data, no qual é afirmado o seguinte (clique na foto para ampliá-la e ler a legenda): "Washington - O presidente norte-americano, George Bush, pedirá a seus compatriotas que continuem confiando nele. Em discurso realizado na sessão conjunta do Congresso e transmitido em cadeia nacional de televisão, Bush explicará que os sacrifícios [leia-se: morte de civis estadunidenses] para obrigar o Iraque a voltar atrás valem a pena e anunciará o surgimento de uma nova ordem internacional promissora." O fato de o primeiro jornal se referir à notícia no futuro do pretérito e o segundo numa estranha mistura de futuro e passado se deve ao fato de que o discurso foi feito à noite nos EUA, provavelmente depois que as edições dos jornais já haviam fechado no Brasil.

Eu também pesquisei esses dois jornais do dia 12/09/1991 e não encontrei nenhuma notícia relativa ao suposto anúncio da NOM feito por Bush nesse dia. A notícia internacional de destaque era, em ambos os jornais, a decisão da URSS de parar de dar apoio financeiro à Cuba. Ambos os jornais, também, veicularam a mesma notícia protagonisada por Bush pai: o então presidente dos EUA se opunha a um empréstimo de US$ 10 binhões ao estado de Israel, em discussão no congresso; Bush ameaçava, se necessário, usar seu poder de veto.

O "Livro das conspirações 2005" publicado pela revista Superinteressante diz algo diferente na reportagem destinada a Harry Potter (tema do capítulo 75 desse blog), nas páginas 52 e 53: "O pastor americano David Bay parece ter descoberto o mistério. Segundo ele, tudo isso faz sentido se pensarmos na idéia de que a 'Nova Ordem Mundial' está dominando o planeta. A expressão foi cunhada pelo então presidente Bush, o pai, em 1991, logo depois da queda do Muro de Berlim. Pelo que ele disse na época, a Nova Ordem Mundial seria a 'união das nações para alcançar as universais aspirações humanas de paz, segurança e liberdade'. Pois é, mas muitos cristãos extremistas entenderam essa tal nova ordem como o início de uma era pagã, com o triunfo de Satanás, sob o comando de um anticristo. E é aqui que entra Potter, nosso bruxinho inglês." Percebeu algum problema? Pois é...afirma-se que a expressão NOM foi introduzida por Bush pai em 1991, e não em 11/09/1990, como o próprio David Bay, citado por ocasião da NOM, afirma e como está indicado nos vídeos e fotos dessa postagem. E, tenha ela sido anunciada em 1990 ou em 1991, o que importa é que a Superinteressante não estabeleceu a ligação desse anúncio com os atentados de 2001. Que belo trabalho jornalístico, não? Mas o que se pode esperar de um livro que já na introdução (p. 8) afirma que "não pretende subverter a história, mas sim proporcionar uma leitura de entretenimento e levar uma reflexão sobre as fronteiras entre ficção e realidade." A mesma introdução é encerrada em tom bem-humorado com a seguinte pergunta: "Leia as histórias a seguir [TODAS elas ruins e mesmo disparatadas] e tire sua própria conclusão: estão escondendo a 'verdade'?" Se você quer a mídia de massas - a voz da hegemonia do establishment - falando sobre teorias conspiratórias, você não pode esperar muito mais do que isso. O próprio livro (p. 11) admite que as teorias da conspiração que propõem uma explicação "alternativa" da história apenas são veiculadas pela "mídia 'alternativa'", ou seja: certamente não pela Superinteressante.

Esse livro da Superinteressante me lembrou uma reportagem da revista Carta Capital (de 12/02/2003, p.56) que trata da manipulação efetuada pela mídia de massa. Não surpreende que uma revista semanal que se dispõe a tratar desse tema tenha uma tiragem 20 vezes menor que a da revista Veja. Cito aqui parte dessa reportagem:

Padrões de Manipulação na Grande Imprensa, de Perseu Abramo (1929-1996), escrito em 1988 e nunca antes publicado, chega agora às livrarias porque seus editores julgaram que não perdeu a atualidade. Muito pelo contrário, diz Hamilton Octavio Souza, chefe do departamento de jornalismo da PUC-SP. "Uma das principais características do jornalismo no Brasil, hoje, praticado pela maioria da grande imprensa, é a manipulação da informação. O principal efeito dessa manipulação é que os órgãos de imprensa não refletem a realidade", escreve Abramo, de pronto.
Jornalista com atuação nos principais veículos do País, paralelamente a uma intensa atividade política (foi fundador do PT e dirigente do partido por 16 anos), Abramo vê quatro padrões de manipulação gerais para a imprensa. 1. Ocultação de determinados fatos. 2. Fragmentação da realidade, causando a descontextualização.3. Inversão da relevância de aspectos da notícia ou a inversão da versão pelo fato ou, ainda, da opinião pela informação. 4. Indução do leitor a ver o mundo não como ele é, mas como querem que ele o veja.

Um exemplo de fragmentação: quando Roseana Sarney desistiu de concorrer à presidência, em 2002, o Jornal Nacional deu essa notícia em destaque, logo no início do programa. A última notícia, mais de meia hora depois, foi a de que houve a liberação de uma verba milionária de auxílio ao Estado do Maranhão...: as notícias foram estruturadas para impedir que o Homer Simpson que está assistindo a esse programa seja capaz de estabelecer qualquer nexo causal entre elas. Um exemplo de inversão da relevância: quando o governador do Paraná, Roberto Requião, iniciou uma guerra contra os bingos no estado, que segundo ele eram usados para crimes de lavagem de dinheiro, os jornais da RPC - Rede Paranaense de Comunicação - (tanto na televisão, na qual a empresa é retransmissora da Globo, quanto na imprensa escrita, com o jornal Gazeta do Povo) veicularam repetidas reportagens que salientavam que, com o fechamento dos bingos, famílias perderiam seus empregos e idosos não teriam como passar o tempo, porém nada - nada - foi dito sobre as acusações de lavagem de dinheiro.

Lembrei também, graças ao livro da Superinteressante, do conceito de contra-informação.

Para fechar essa postagem, cito aqui os famosos Protocolos dos sábios de Sião (protocólo V):

O problema capital do nosso governo é enfraquecer o espírito público pela crítica; fazer-lhe perder o hábito de pensar, porque a reflexão cria a oposição; distrair as forças do espírito, em vãs escaramuças de eloqüência.
(...)
Para tomar conta da opinião pública é preciso torná-la perplexa, exprimindo de diversos lados e tanto tempo tantas opiniões contraditórias que os cristãos acabarão perdidos no seu labirinto e convencidos que, em política, o melhor é não ter opinião.






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Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

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