Existem muitas pílulas para dormir. E para acordar?
Já fazia tempo que essa frase famosa de Epícteto, que conheci por ocasião da leitura do último capítulo do primeiro livro do primeiro tomo d' O Mundo como Vontade e como Representação (Arthur Schopenhauer, 1819, livro com o qual mantenho uma relação fetichista¹), constava formalmente no meu caderno de máximas e, por conseguinte, na minha cabeça.
"Não é a pobreza que causa a dor, mas sim a cobiça."
Eu achava que sabia. Estava enganado.
Então, naquela fatídica manhã de Abril de 2007, antes de almoçar (às 11:00), a verdade me foi revelada. Poucas manhãs foram mais chocantes.
Depois de uma série de raciocínios, que quem sabe um dia serão aqui descritos, eu intui, eu senti, a veracidade dessas palavras. Meu mundo havia caído.
Duan: "Então,...toda a sociedade...em que vivemos...está fundada em uma mentira???"
Conrado: "A seguinte afirmação é verdadeira: inteligência, beleza e riqueza não são bens em si mesmos; você os associa à felicidade por que os deseja, e não os deseja por que os associa à felicidade. ...Já a seguinte afirmação é falsa: inteligência, beleza e riqueza são bens em si mesmos; a posse deles traz felicidade, e por isso mesmo você os deseja."
Duan: "Se a felicidade/satisfação se alcança quando se consegue o que se quer, então há duas formas de conquistá-la: (i) alcançando o objeto de desejo ou (ii) simplesmente deixando de desejar o objeto de desejo. Não se é infeliz por não ter aquilo que não se quer."
Conrado: " Mas como alguém consegue viver com essa premissa em nossa civilização de alta entropia? O que fazer com esse conhecimento? Adotar a mendicância voluntária?"
Duan: "Não sei. Talvez seja o melhor mesmo. Mas, por enquanto, a conseqüência para você é a seguinte: houve uma relativização adicional. Cada vez é mais difícil saber o que é verdade e o que é mentira, o que é certo e o que á errado. Agora ficou pior. Os seus valores não são mais "reais", não são mais coisas em si mesmas."
Conrado: "Espera aí. mas se eu não desejo inteligência, riqueza e beleza pela felicidade, então qual é o motivo oculto que me faz desejá-las?"
Duan: ".............Vontade de poder!"
Conrado: "E se eu desejasse bondade?..."
Duan: "Você sabe que a lógica é a mesma: vontade de poder. Pelo menos em 99,999% dos casos, não é?"
Conrado: "Isso já é o suficiente por hoje."
Duan: "Vamos trabalhar."
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1 Parafraseando Maomé, eu diria o seguinte sobre O Mundo como Vontade e como Representação: "Podem queimar todos os outros livros, pois tudo o que eles têm de bom está nesse aqui...". He he he.
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Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.
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