sábado, 17 de outubro de 2009

LXXXIII - Acerca do pessimismo em Schopenhauer - para aqueles que acreditam que o filósofo não era pessimista.

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§ 83





"Em algum ponto de minha estada na Suíça comecei a ler Schopenhauer. Hoje, se devesse escolher um só filósofo, escolheria a ele. Se o enigma do universo pode ser expresso em palavras, penso que estas estariam em seus escritos". Jorge Luis Borges

Pessimismo: "Filosofia: Caráter das doutrinas metafísicas ou morais que afirmam a supremacia do mal sobre o bem e costumam levar à adoção de uma atitude em geral de escapismo, imobilismo, ou conformismo, seja o mal considerado a privação dos meios de conservação da vida (alimentos, abrigo, etc.) quer seja considerado a privação dos meios de expansão espiritual (Opõe-se a otimismo)." (Novo Dicionário Aurélio da língua portuguesa, 3° edição, Editora Positivo, 2004)



Fora Schopenhauer, não conheço ninguém que seja explicitamente pessimista. Não obstante, para minha surpresa, há "schopenhaurianos" que negam que ele seja pessimista.

A maioria das pessoas tem uma aversão instintiva ao pessimismo. Daí que, para elas, ninguém que tenha contribuído para o patrimônio cultural da humanidade possa ser considerado um pessimista. O pessimismo, para elas, está, por definição, para sempre irreconciliado com qualquer virtude humana. O gênio, pensam elas, como um representante do que a humanidade tem de melhor, simplesmente não pode ser pessimista. Agora em pergunto: QUEM é pessimista então, se Schopenhauer não é? Aparentemente, apenas pode ser chamado de pessimista alguém que não tenha deixado qualquer contribuição cultural para a humanidade. Ora, não é pessimista alguém que escreve um filosofia defendendo a "negação do querer-viver"?, alguém que afirma, no último parágrafo de sua obra principal (Tomo I, § 71) que "reconhecemos que o fenômeno da Vontade, o universo, é apenas dor irremediável e miséria infinita"? Francamente...

O pessimismo é um tabu. Para a maioria das pessoas, o otimismo é quase tão sagrado quanto o é o seu deus: é que ambos são identificados com a afirmação do querer-viver, com a justificação do establishment e da atual condição humana. Negá-los seria negar a vida, o que é, para a pessoa comum (para a pessoa cega pela vontade de vida), uma covardia: daí o desprezo instintivo da "pessoa comum" pelo ateu e mais ainda pelo ateu pessimista: eles são fracassados e pretendem transformar a vida toda - essa maravilha orgástica - num fracasso; por que eles não se matam de uma vez? Não surpreende que o judaísmo e o protestantismo fiquem festejando esse mundo como a obra bem sucedida de um ser onisciente e justo.

Vou tentar mostrar que Schopenhauer não só era pessimista como se considerava um pessimista; não só se considerava um pessimista como criticava abertamente o otimismo.

"Panteísmo é necessariamente otimismo, e por isso é falso." (capítulo V de Parerga e Paralipomena, publicado na coleção Os Pensadores, volume Schopenhauer, editora Nova Cultural, ano 2005, página 241.)

Ora, se algo é falso por ser otimismo, então o que Schopenhauer considera verdadeiro? O pessimismo! Eu poderia parar por aqui, mas nós vamos longe com isso...

"Não posso, porém, dissimular aqui a minha opinião: é que o otimismo, quando é um puro palavreado privado de sentido, como acontece nessas cabeças vazias onde se alojam apenas palavras, é pior do que um modo de pensar absurdo: é uma opinião realmente ímpia, uma zombaria odiosa, em face das inexprimíveis dores da humanidade. Mas não se pode pensar que a fé cristã é favorável ao otimismo; muito pelo contrário, nos Evangelhos, o mundo e o mal são considerados quase como sinônimos." (O mundo como vontade e como representação, Tomo I, §59 (no final)).

De novo, não está ele aqui dizendo que ele e os Evangelhos são pessimista (pressuponho que você conheça as opiniões favoráveis que ele tinha a respeito dos Evangelhos e do Budismo)?

"O pelagianismo é o esforço desfazer o cristianismo voltar ao judaísmo grosseiro e trivial e ao seu otimismo." (A arte de insultar, p. 125, editora Martins Fontes, 2005)

De novo: ele se mostra favorável ao otimismo aqui? Ou otimismo é para ele uma palavra pejorativa?

Você deve conhecer a frase "tudo não está bom, tudo está o melhor possível". Essa frase é de Leibiniz, um filósofo otimista. Na sua época, Leibiniz recebeu de Voltaire uma resposta para essa sua frase: o livro "Cândido, ou o otimismo". Nesse livro há um filósofo, Panglós, que diz a mesma frase de Leibiniz. Depois de muito sofrimento, Panglós admitiu que estava errado. Esse é um livro pessimista.

Em provocação a Leibiniz, Schopenhauer diz o seguinte:

"O mundo é o pior dos mundos possíveis." (A arte de insultar, p. 117 editora Martins Fontes, 2005)

Diz também, no mesmo livro e na mesma página:

"O mundo é mesmo o inferno, e os homens são, por um lado, as almas atormentadas e, por outro, o demônio que nele habita."

Diz também, no mesmo livro e na mesma página:

Deve-se dar razão a Aristóteles quando ele diz: "A natureza é demoníaca, não divina [ cf. De divinatione per somnum 2, 463 a 14-15]. Poderíamos traduzir: "O mundo é o inferno". [Alguma semelhança com "Nature is Satan's church." do filme Anticristo de Lars von Trier?]

Diz também, no mesmo livro e na mesma página:

"Se quiséssemos conduzir o mais obstinado otimista [de novo se refere ao otimista como alguém que está errado, logo, de novo, deixa claro que ele se identifica com o pessimismo] por hospitais, lazaretos e câmaras de martírio cirúrgicas [na época dele as cirurgias eram realizadas sem anestesia], por prisões, câmaras de tortura e estábulos de escravos, passando por campos de batalha e tribunais, depois abrir-lhe todas as moradas da miséria, onde esta se esconde dos olhares da fria curiosidade, e por fim fizéssemos com que ele olhasse dentro da torre de Ugolino, certamente ele também acabaria por entender de que tipo é esse melleur des mondespossibles." [referência a Leibiniz] [Essa passagem foi retirada do § 59 do Tomo I d' O mundo como vontade e como representação.]

Na mesma página, e na seguinte, Schopenhauer fala mais coisas sobre o mundo, todas elas do mais lúgubre pessimismo.

No § 35 d' O mundo como vontade e como representação, ele deixa claro que não acredita que o futuro da humanidade será melhor que o presente: "Já não se acreditará com o homem vulgar que o tempo possa trazer-nos qualquer coisa de uma novidade ou de uma significação reais; já não se imaginará que alguma coisa possa, por si ou em si, chegar ao absoluto, já não se atribuirá ao tempo, como um todo, um começo ou um fim, um plano e um desenvolvimento; já não lhe determinará, como faz o conceito vulgar, para objetivo final o mais alto aperfeiçoamento deste gênero humano, a última geração sobre a terra e cuja vida média é de trinta anos." [a expectativa de vida na época de Schopenhauer era muito baixa; e ainda hoje há países pobres onde a expectativa de vida é inferior a quarenta anos.]

No segundo Tomo d' O mundo como vontade e como representação ele repete a idéia de que as coisas não vão melhorar:

"Se por suas próprias forças, o tempo pudesse conduzir-nos a um estado bem-aventurado, então lá já estaríamos desde há muito tempo, pois um número infinito de séculos se estende atrás de nós. Mas se também o tempo pudesse conduzir-nos à destruição, então há muito tempo já não seríamos mais." (Tomo II d' O mundo..., capítulo XLI, disponível em português em Da morte/metafísica do amor/Do sofrimento do mundo, da editora Martin Claret, 2004, página 53)

Os § 56 a § 59 do Tomo I d' O mundo... ele tenta demonstrar (para mim de forma convincente) que toda a vida é sofrimento. Ele acrescenta novos e sombrios argumentos a essa passagem em Parerga e Paralipomena, capítulo XII, cujo título é "Contribuições à doutrina do sofrimento do mundo". (Você pode achar uma tradução desse texto na mesma edição de Os pensadores já citada aqui; pode encontrar outra em Da morte/metafísica do amor/Do sofrimento do mundo, da editora Martin Claret, 2004).

Dentre as muitas e muitas passagens pessimistas de Aforismos para sabedoria na vida, separei esta:

"Quem vê tudo negro e receia sempre o pior, tomando por isso as suas providências, não se enganará tanto quanto quem vive a dar às coisas belo colorido e risonha disposição." (quarto parágrafo do capítulo II - Daquilo que se é)

No fim do §56 do Tomo I d' O mundo...ele diz, repetido o Budismo: “Toda a vida é sofrimento.” Quero que você, se ainda tem dúvidas, me explique como isso não é pessimismo. E não adiante dizer que é por que é verdade: é você que ainda não se livrou do preconceito dos otimista de afirmar que tudo que é pessimista é mentira. Para mim, geralmente é o contrário: a verdade geralmente está do lado dos pessimistas.

No livro "A arte de insultar" (já citado acima), no verbete "nascimento" (página 119) Schopenhauer diz: "A única felicidade é não nascer". Se isso não é pessimismo, então eu sinceramente não sei o que seria.

"Uma vida feliz é impossível: o máximo que o homem pode atingir é um curso de vida curso de vida heróico." (A. Schopenhauer, Parerga e Paralipomena, cap. XIV - Contribuições à doutrina da afirmação e da negação do querer-viver, § 172) (tradução disponível no volume "Schopenhauer" da Coleção Os Pensadores)

Em "A arte de ser feliz", capítulo 22, Schopenhauer acusa o otimismo de alimentar a infelicidade: "Grande parte da infelicidade tem sua origem na ignorância desse fato [de que a felicidade é apenas um sonho e a dor é real] , favorecida pelo otimismo."

José Castello trabalhou na encenação recente de Esperando Godot (de Samuel Beckett, mais um escritor influenciado por Schopenhauer) realizada pela companhia O Círculo. Também ele, no livreto fornecido ao público da peça, insiste que Beckett não é pessimista. Nesse texto ele afirma: "Viver como? Viver de quê? Viver para quê? Ora, viver - e isso não basta?" A essa pergunta retórica, o pessimista responde com um sonoro (e completamente inesperado para o otimista) NÃO. E não é isso que Schopenhauer afirma em Parerga e Paralipomena, § 168 (no capítulo XIV - contribuições à doutrina da afirmação e da negação do querer-viver)? Senão vejamos:

"O espírito e o sentido interno da genuína vida enclausurada, como o própria ascese, é que nos reconhecemos dignos e capazes de uma existência melhor do que a nossa, e que pretendemos fortalecer e manter esta convicção, pelo desprezo em relação às coisas que esse mundo oferece, rejeitando todos os seus prazeres como destituídos de valor, e aguardando calma e confiantemente o fim desta vida, desprovida de seu fútil engodo, para algum dia bendizer a hora da morte como a da redenção."

Castello pretende apresentar o fato de os personagens centrais de Esperando Godot não desistirem da vida, apesar de tudo, como a prova do otimismo de Beckett. O que Castello não percebe é que Beckett, assim como Schopenhauer, pode querer mostrar que a vida simplesmente não tem saída: as pessoas, tal camundongo na roda, por mais que sofram, não podem abandonar o querer viver, pelo simples fato de que ele constitui todo o seu ser:

"Daí resultam resistências que de todos os lados opõem obstáculos a esse esforço, essência íntima de todas as coisas, reduzem-no a um desejo mal satisfeito, sem que, contudo, ele possa abandonar aquilo que constitui todo o seu ser, e o forçam assim a torturar-se, até que o fenômeno desapareça, deixando o seu lugar e a sua matéria imediatamente açambarcadas por outras [forças da natureza e formas de vida]." (O mundo..., Tomo I, § 56)

E ainda: "o autor de O mundo como vontade e como representação via o indivíduo prisioneiro de um remanejamento interior necessário a sua sobrevivência como indivíduo." (1) (Pierre Raikovic, O sono dogmático de Freud - Kant, Schopenhauer, Freud, capítulo 2). Para a justificação teórica dessa prisão na qual o indivíduo cai, é essencial a crítica ao "livre-arbítrio", o qual é largamente utilizado nos discursos otimistas e justificadores de "tudo isso que aí está". Schopenhauer escreveu bastante contra o livre-arbítrio, e isso ainda será tratado nesse blog.

Em O Outsider - o drama moderno da alienação e da criação, de Colin Wilson, vemos novamente esse lógica do otimismo. Já no capítulo I, ao estudar o comportamento existencialista, Wilson se questiona: "deve o pensamento negar a vida?", para na página seguinte afirmar "Mesmo que decidamos, antecipadamente, que a resposta é 'não', haverá muito o que aprender com o exercício de mudar de ponto de vista." Não é de se admirar que Wilson critique Schopenhauer (e até Freud) as poucas vezes que menciona o seu nome, isso não obstante os tantos momentos em que plagia descaradamente o filósofo alemão. Não surpreende também que Wilson faça , várias vezes, afirmações da seguinte estirpe:

* "Aparentemente a contribuição de James para a sua solução [a solução do "problema do outsider"] poderia ser resumida nas palavras de Elroy Flecker: 'Os mortos só sabem de uma coisa: é melhor estar vivo.'" (final do capítulo 3). A opinião do suposto otimista Schopenhauer é justamente a oposta: "Se batermos nas lápides e perguntarmos aos mortos se querem voltar à vida, balançarão a cabeça dizendo que não." (O mundo..., Tomo II, capítulo XLI)

* As últimas palavras do Diário de Nijisky são uma afirmação: 'Minha filhinha está cantando: 'ah-ah-ah-ah'. Não compreendo o que significa, mas sinto o que ela quer dizer. Ela quer dizer que tudo...não é horror, mas alegria.'" (final do capítulo 4). E se a menina estivesse chorando (o que as crianças fazem isso todos os dias), a opinião de Nijisky (ou a de Wilson) mudaria? É claro que não, pois o "sofrimento que na veemência e fúria do seu próprio ímpeto volitivo inflige aos outros é a medida do sofrimento cuja experiência em sua pessoa não quebra a Vontade, nem a conduz à negação final." (O mundo..., Tomo I, § 68) Os indivíduos querem a vida mesmo que ela seja sofrida (O mundo..., Tomo I, § 60), daí a necessidade de todas essa falácias para tentar dizer que a vida é boa.

* "Não se pode acreditar que a natureza humana é que está errada, pois o racionalismo desmoralizou completamente os dogmas mórbidos como o pecado original." (começo do capítulo 3). O mesmo racionalismo tão criticado pelo Nietzsche que Wilson acredita conhecer, respeitar e mesmo seguir. É graças a afirmações tolas como essas - das quais esse livro está cheio - que eu geralmente me recuso instintivamente a ler qualquer "pensador" inglês (com poucas exceções), ou qualquer outro representante da dita "filosofia analítica" (com a exceção, até o presente momento, de Wittgenstein).

O desgosto pelo mundo está subsumido em TODA obra de Schopenhauer, a qual pode ser interpretada como um grande auto de acusação contra a vida no seu geral. Mais um exemplo...no § 47 d' O mundo... o filósofo está discorrendo sobre o nu na escultura quando, "do nada", solta essa: "(...) se esforçar, se isso é possível, por exprimir seus pensamentos aos outros e, por isso mesmo, por suavizar a solidão que se deve sentir num mundo como este (...)". O ato de "jogar a culpa no mundo/na vida" é uma constante no pensamento schopenhauriano, e isso não obstante o apreço do autor pela eudemonologia (digo isso por que me parece simplesmente impossível que qualquer livro de auto-ajuda da atualidade se disponha a aconselhar que o indivíduo não assuma a responsabilidade por tudo que ocorre na sua vida), e não obstante ele tenha sido um gênio (digo isso por que é comum atualmente associar o costume de jogar a culpa nos outros como sendo imaturidade, por isso é inesperado que alguém que é considerado um gênio dê prova de se comportar assim). Schopenhauer teve plena convicção que o principal culpado pelo fato da vida dele (Schopenhauer) ter sido ruim não era ele mesmo, mas sim "o mundo/a vida": ele se recusou a admitir como sua a responsabilidade pela facticidade. Ele se recusou a aceitar a vida como ela é. Ele se recusou a "assinar embaixo" de "tudo isso que aí está". Ele se recusou a aceitar como sendo "uma escolha livre dele" aquilo que ele, como um animal, é levado inevitavelmente a querer por puro instinto.

Um dos biógrafos de Schopenhauer, Karl Weissmann, afirma que "apesar de seu imenso amor à verdade, sua missão [a de Schopenhauer] não é explicar, mas acusar o mundo" (Vida de Schopenhauer, fim do capítulo IV). No início do capítulo IX desse mesmo livro, Weissmann cita uma reveladora carta do filósofo na qual ela afirma o seguinte: "Desde que me entendo por gente, acho-me em oposição ao mundo. (...) Quando atingi os quarenta anos de idade, tive a impressão de haver ganho a demanda contra o mundo em última instância, e encontrei-me então elevado a um ponto ao qual nem sequer havia ousado aspirar. Em troca, a vida tornava-se cada vez mais monótona e vazia." Schopenhauer se propõe a nos apresentar um espelho do mundo. E o que vemos nesse espelho? Vemos um mundo que se resume a mera aparência, no qual a única realidade é a dor e do qual a única salvação (2) é o nada. O projeto intelectual de Schopenhauer nos apresenta a vida como uma fusão entre razão e irrazão, com o predomínio da segunda sobre a primeira, predomínio que constitui o prelúdio da filosofia trágica. A vontade de saber está essencialmente vinculada à vontade de poder; e muitas vezes, como parece ser o caso de Schopenhauer, a vontade de saber apresenta-se ao indivíduo como sucedâneo de uma vontade de poder que, em última instância é uma "vontade de acusar", ou mesmo de "humilhar".

E para aqueles que querem ver otimismo no apreço que o autor tinha pela arte, é bom ler o fechamento que ele faz do livro III do Tomo I da sua obra principal, livro justamente dedicado ao estudo da arte. Lá fica bem claro que, diferentemente do que para Nietzsche, para Schopenhauer a arte não é suficiente para justificar ou libertar a vida; antes, a arte é para ele apenas um paliativo.

A primeira edição de O mundo como vontade e como representação foi publicada em 1819, quando seu autor contava 31 anos; a última foi publicada em 1859, um ano antes da morte do filósofo. Schopenhauer teve quarenta anos para mudar de idéia e dizer que a vida não era uma merda, mas ele não o fez. Pelo contrário. Diferentemente do que ocorreu com outros filósofos, o pensamento de Schopenhauer não passou por "fases": ele é monolítico, coerente consigo mesmo do começo ao fim. Na maturidade, o pensador apenas ratificou e aprofundou as conclusões tiradas na juventude.

Resumindo: Schopenhauer era pessimista e se orgulhava disso. Quem nega isso não conhece, ou não quer conhecer, a obra do filósofo.

Agora, se você não considera Schopenhauer pessimista, então me diga QUEM é pessimista?

Depois de tantas citações de Schopenhauer, termino esse texto com um argumento de autoridade. Franco Volpi é um reconhecido conhecedor em Schopenhauer. Entre outros trabalhos, ele organizou e prefaciou uma coleção de textos de Schopenhauer para a editora Martins Fontes. Pois bens, num dos volumes dessa coleção - "A arte de conhecer a si mesmo" - Franco Volpi encerra seu ensaio introdutório ao livro se referindo a Schopenhauer como sendo "mestre do pessimismo".

P.S.: Para saber mais sobre o pessimismo, recomendo a leitura do texto A Escola Pessimista de Peruíbe e seus Valores.


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(1) Essa concepção de que o indivíduo é prisioneiro das suas próprias condições de existência enquanto indivíduo ainda será tratada num próximo capítulo desse blog.

(2) O messianismo não aparece apenas na filosofia schopenhauriana. Vejamos como o messianismo se apresenta em alguns filósofos:

* Kant: o imperativo categórico levando ao supremo bem.
* Hegel: a evolução dialética levando o Espírito ao absoluto.
* Schopenhauer: a aniquilação universal por meio da negação humana do querer-viver.
* Nietzsche: o além-do-homem, a transvaloração dos valores e, na falta dos dois, o próprio eterno retorno.
* Marx: a evolução dialética da sociedade determinada material e historicamente levando ao comunismo (estado de bem-aventurança caracterizado pelo fim das classes sociais e, portanto, pelo fim da própria história, e no qual a máxima vigente é "de cada um conforme a sua capacidade e a cada um conforme a sua necessidade") .






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Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

14 comentários:

Silas disse...

Nesse sentido eu gosto da posição de Joseph Campbel: a vida é boa e má. Não é como dizer uma coisa ou outra sem ser parcial. Segundo ele, deve-se abraçar tanto o otimismo quanto o pessimismo para viver uma vida plena (a vida toda e não só uma parte).

Eu me coloco na seguinte posição: quem acredita que a vida "não deveria ter acontecido" está se torturando por uma farsa e que acredita que a vida é boa só pode ter perdido o juízo: o mal está em todos os lados assim como o bem.

Sofrimento e alegria são reais para além de formulações filosóficas, e negar um em detrimento do outro é quase como viver metade da vida.

Você pode notar, por exemplo, que no meu blog existem tanto posts bem cor-de-rosa quanto outros mais sombrios. Pra mim o bem e o mal tem o mesmo valor ontológico.

Mas é aquilo que eu disse no texto "sobre a dualidade da ética":

"Nesse mundo [O interno] não há separação entre o bem e o mal, e por isso coisas aparentemente impossíveis serão vistas. Por exemplo, num fragmento de uma grande fantasia que tenho, dois primos representam o ódio e o amor. Apesar de serem tão contrastantes, eles são amigos íntimos.
Pareceria racional, no mundo externo, que os dois fossem oponentes, mas no mundo interno não há essa separação nítida entre o bom e o mau, o certo e o errado."

E também:

"Recolher-se sobre si mesmo indefinidamente causa um vazio no ser humano, porque é da nossa natureza a necessidade de conexão com os outros. E se formos longe demais, podemos perder o contato com o outro por completo, o que significa um severo dano á nossa psique."

A vida é boa e má, é certa e errada. É incoerente.

Em nome da liberdade você pode se negar a ser o que é, mas não consigo ver uma razão verdadeiramente boa para isso. Porque as próprias opiniões de negação da vida são construídas circunstancialmente. Às vezes eu penso que, com essas afirmações pessimistas tão explícitas, Schopenhauer queria que alguém viesse provar o contrário. Considero ele um gênio porque ele conseguiu extrair uma pérola do meio do esterco e porque conseguiu criar uma filosofia para aqueles que, pelo motivo que for, sofrem demais.

Sobre a origem do sofrimento, ela é tão interna quanto externa: Isso só depende da pessoa.

Duan Conrado Castro disse...

"Recolher-se sobre si mesmo indefinidamente causa um vazio no ser humano, porque é da nossa natureza a necessidade de conexão com os outros. E se formos longe demais, podemos perder o contato com o outro por completo, o que significa um severo dano á nossa psique."

E se não perdemos esse contato por que ele nunca existiu? Eu não acredito que eu tenha perdido esse contato: ele nunca existiu na minha vida.

Duan Conrado Castro disse...

Outra coisa, não penso que Schopenhauer atraia apenas aqueles que “sofrem demais”. Se assim fosse, não haveria “schopenhaurianos” dizendo que ele não é pessimista.

Silas disse...

Não apenas atraia os que sofrem demais. Mas ele sofria, e é natural atrairmos quem tem afinidade.

Mas acho honestamente que um Schopenhaueriano que diz que ele não era pessimista não se deu ao trabalho de ler os livros do cara. Fala sério, da primeira vez que li eu ja cheguei nessa conclusão. Seu post, aliás, prova varias vezes isso.

Parece mais ser um efeito de modinha, ser fã do grande Schopenhauer. Mas ser pessimista é ruim pra imagem, então é só dizer que ele não era pessimista.

Mas na verdade você mesmo poderia dizer que ele não é pessimista, mas realista. Só que sua leitura parece ter sido mais imparcial ao admitir o seu lado.

Não consigo conceber uma existência completamente alheia ao contato externo.
Eu mesmo tenho muito pouco contato, porque de um modo geral as pessoas me aborrecem, mas sozinho não fico.Não sempre.
Portanto pra mim é difícil responder à sua pergunta. De qualquer modo, eu te considero um amigo. Ao menos de vez em quando se a ao trabalho de ler o que eu escrevo.

Duan Conrado Castro disse...

Schopenhauer como uma “modinha”? É plausível sim...Não tinha pensado nisso (tanto que não escrevi isso no post).

Anônimo disse...

Defina pessimismo de um modo decente antes de fazer qualquer tipo de texto sobre uma característica extremamente subjetiva como essa, recursos ao dicionário são ridículos. Perceba que esta definição provavelmente foi feita PARA O AUTOR, pois se encaixa como uma luva "doutrina metafísica de blablabla".

A meu ver, o que vc percebe é apenas a definição que Schopenhauer dá à vida, mas os fatos, se nos aproximarmos à Nietzsche, um grande afirmador da vida ("otimista"), são exatamente os mesmos. A única diferença é que Schopenhauer realmente carrega a vida como um fardo e chama alguns seres de maus e outros seres de bons, o egoísmo de mau e o altruísmo de bom, enquanto Nietzsche inverte tudo!!
Para Nietzsche o egoísmo é saudável e humano e, sendo este MUITO mais rpesente na humanidade que o *altruísmo, o mundo fica muito "bom" e, por isso ele é otimista, afinal o bom é o natural. Enquanto para Schopen o bom é a recusa racional do natural, aí, obviamente "o mau reinará sobre o bem".

Fato por fato os dois filósofos são idênticos, a única diferença é a moralidade dos dois. O mundo é o mesmo, a única diferença é a qualidade que cada um dá das mesma coisas, interpretação que, por si, não vale nada, afinal só a sua resta.
Mas devo concordar, schopen é pessimista por observar a natureza como ruim, mas as características observadas são exatamente as mesmas de Nietzsche. Resta você dizer se os humanos são maus ou bons, ou seja, a discussão sobre esse tal pessimismo é ridícula, a idéia em si nunca será pessimista, apenas o leitor que fará dela isto, famoso perspectivismo.

Duan Conrado Castro disse...

Caro Anônimo,

Ao que parece, você nem se deu ao trabalho de ler o que eu escrevi. Você critica a definição que eu usei de pessimismo e depois não faz referência alguma ao meu texto: como não dialoga com o que eu escrevi, presumo que você simplesmente não leu.

"Defina pessimismo de um modo decente antes de fazer qualquer tipo de texto sobre uma característica extremamente subjetiva como essa, recursos ao dicionário são ridículos. Perceba que esta definição provavelmente foi feita PARA O AUTOR, pois se encaixa como uma luva "doutrina metafísica de blablabla"."

Bem...você está querendo dizer que o autor do verbete "pessimismo" do Dicionário Aurélio o escreveu pensando em Schopenhauer? Não me faça rir...E depois eu que uso recursos "ridículos"...Que tal você me dar uma outra definição de pessimismo então? Que tal você então me responder a pergunta que eu fiz no final do meu texto? Essa pergunta:

"Agora, se você não considera Schopenhauer pessimista, então me diga QUEM é pessimista?"

Se você tivesse lido o que eu escrevi, saberia que eu fiz várias citações do próprio Schopenhauer nas quais ele mostra desgosto pela palavra "otimismo" e dá a entender que ele se considera um pessimista. Agora, se você me arranjar uma ÚNICA citação na qual Schopenhauer diga que não é pessimista, ou diga que o pensamento dele não é uma forma de pessimismo, ou mesmo critique o pessimismo e os pessimistas, então EU RETIRO TUDO O QUE EU DISSE. Vamos lá, prove que eu estou errado!

Depois você começa a falar de Schopenhauer e Nietzsche, sendo que no meu texto eu não fiz essas comparações. Ou seja: de novo, você não está dialogando com o que eu escrevi, e sim acrescentando um novo tema.

"Fato por fato os dois filósofos são idênticos, a única diferença é a moralidade dos dois." Não acho que eles sejam "idênticos" com a exceção da moral, mas concordo que são realmente bastante parecidos.

"Resta você dizer se os humanos são maus ou bons, ou seja, a discussão sobre esse tal pessimismo é ridícula, a idéia em si nunca será pessimista, apenas o leitor que fará dela isto, famoso perspectivismo."

Eu não acho os humanos nem bons nem maus, mas acho a vida uma merda.

Os seus argumentos são muuuito fraquinhos. Você, num texto tão curto, usou duas vezes o argumento patético de que tal comportamento "é ridículo". Não percebe o quanto isso é amador? Não percebe que você usa essa palavra apenas para esconder o seu achismo de você mesmo (porque de mim você não conseguiu esconder)? Onde está a sua autocrítica, mermão?

Duan Conrado Castro disse...

Aliás, em nenhum momento eu afirmei que Nietzsche é otimista...

Duan Conrado Castro disse...

Já que o assunto é pessimismo...aproveito para postar aqui "As 100 melhores Leis de Murphy":

1. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior
maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.

2. Um atalho é sempre a distância mais longa entre dois pontos.

3. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do
manual.

4. Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.

5. Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão - ou a que
causar mais prejuízo.

6. Se você perceber que uma coisa pode dar errada de 4 maneiras e conseguir
driblá-las, uma quinta surgirá do nada.

7. Seja qual for o resultado, haverá sempre alguém para:
a) interpretá-lo mal. b) falsificá-lo. c) dizer que já o tinha previsto em
seu último relatório.

8. Quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de melhorá-lo piora.

9. Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série.

10. Toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é ruim,
acontece.

11. Em qualquer fórmula, as constantes (especialmente as registradas nos
manuais de engenharia) deverão ser consideradas variáveis.

12. As peças que exigem maior manutenção ficarão no local mais inacessível
do aparelho.

13. Se você tem alguma coisa há muito tempo, pode jogar fora. Se você jogar
fora alguma coisa que tem há muito tempo, vai precisar dela logo, logo.

14. Você sempre encontra aquilo que não está procurando.

15. Quando te ligam: a) se você tem caneta, não tem papel. b) se tem papel
não tem caneta. c) se tem ambos ninguém liga.

16. A Natureza está sempre à favor da falha.

17. Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável.

18. Quase tudo é mais fácil de enfiar do que de tirar.

19. Mesmo o objeto mais inanimado tem movimento suficiente para ficar na sua
frente e provocar uma canelada.

20. Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda provocará mais
destruição do que se deixássemos o objeto cair naturalmente.

21. A única falta que o juiz de futebol apita com absoluta certeza é aquela
em que ele está absolutamente errado.

22. Por mais bem feito que seja o seu trabalho, o patrão sempre achará onde
criticá-lo.

23. Nenhum patrão mantém um empregado que está certo o tempo todo.

24. Toda solução cria novos problemas.

25. Quando político fala em corrupção, os verbos são sempre usados no
passado.

26. Você nunca vai pegar engarrafamento ou sinal fechado se saiu cedo demais
para algum lugar.

27. Os assuntos mais simples são aqueles dos quais você não entende nada.

28. Dois monólogos não fazem um diálogo.

29. Se você é capaz de distinguir entre o bom e o mal conselho, então você
não precisa de conselho.

30. Ninguém ficará batendo na sua porta, ou telefonando para você, se não
houver trabalho algum a ser feito.

Duan Conrado Castro disse...

31. O trabalho mais chato é também o que menos paga.

32. Errar é humano. Perdoar não é a política da empresa.

33. Toda a idéia revolucionária provoca três estágios: 1º. é impossível -
não perca meu tempo. 2º. é possível, mas não vale o esforço 3º. eu sempre
disse que era uma boa idéia.

34. A informação que obriga a uma mudança radical no projeto sempre chega ao
projetista depois do trabalho terminado, executado e funcionando
maravilhosamente (também conhecida como síndrome do: "Porra! Mas só
agora!!!").

35. Um homem com um relógio sabe a hora certa. Um homem com dois relógios
sabe apenas a média.

36. Inteligência tem limite. Burrice não.

37. Seis fases de um projeto: Entusiasmo; Desilusão; Pânico; Busca dos
culpados; Punição dos inocentes; Glória aos não participantes.

38. Conversas sérias, que são necessárias, só acontecem quando você está com
pressa.
39. Não se dorme até que os filhos façam cinco anos.

40. Não se dorme depois que eles fazem quinze.

41. O orçamento necessário é sempre o dobro do previsto. O tempo necessário
é o triplo.

42. As variáveis variam menos que as constantes.

43. Pais que te amam não te deixam fazer nada. Pais liberais, não estão nem
ai para você.

44. Entregas de caminhão que normalmente levam um dia levarão cinco quando
você depender da entrega.

45. O único filho que ronca é o que quer dormir com você.

46. Assim que tiver esgotado todas as suas possibilidades e confessado seu
fracasso, haverá uma solução simples e óbvia, claramente visível a qualquer
outro idiota.

47. Qualquer programa quando começa a funcionar já está obsoleto.

48. Nenhuma bola vai parar em um vaso que você odeia.

49. Só quando um programa já está sendo usado há seis meses, é que se
descobre um erro fundamental.

50. Crianças nunca ficam quietas para tirar fotos, e ficam absolutamente
imóveis diante de uma câmera filmadora.

51. Nenhuma criança limpa quer colo.

52. A ferramenta quando cai no chão sempre rola para o canto mais
inacessível do aposento. A caminho do canto, a ferramenta acerta primeiro o
seu dedão.

53. Guia prático para a ciência moderna: a) Se se mexe, pertence à biologia.
b) Se fede, pertence à química. c) Se não funciona, pertence à física. d) Se
ninguém entende, é matemática. e) Se não faz sentido, é psicologia.

54. O vírus que seu computador pegou, só ataca os arquivos que não tem
cópia.

55. O número de exceções sempre ultrapassa o numero de regras. E há sempre
exceções às exceções já estabelecidas.

56. Seja qual for o defeito do seu computador, ele vai desaparecer na frente
de um técnico, retornando assim que ele se retirar.

57. Se ela está te dando mole, é feia. Se é bonita, está acompanhada. Se
está sozinha, você está acompanhado.

58. Se o curso que você desejava fazer só tem n vagas, pode ter certeza de
que você será o candidato n + 1 a tentar se matricular.

59. Oitenta por cento do exame final que você prestará, será baseado na
única aula que você perdeu, baseada no único livro que você não leu.

60. Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que
fazer, senão estudar a matéria dele.

Duan Conrado Castro disse...

61. A citação mais valiosa para a sua redação será aquela em que você não
consegue lembrar o nome do autor.

62. Caras legais são feios. Caras bonitos não são legais. Caras bonitos e
legais são gays.

63. A maioria dos trabalhos manuais exigem três mãos para serem executados.

64. As porcas que sobraram de um trabalho nunca se encaixam nos parafusos
que também sobraram.

65. Quanto mais cuidadosamente você planejar um trabalho, maior será sua
confusão mental quando algo der errado.

66. Tudo é possível. Apenas não muito provável.

67. Em qualquer circuito eletrônico, o componente de vida mais curta será
instalado no lugar de mais difícil acesso.

68. Qualquer desenho de circuito eletrônico irá conter: uma peça obsoleta,
duas impossíveis de encontrar, e três ainda sendo testadas.

69. O dia de hoje foi realmente necessário?

70. A luz no fim do túnel, é o trem vindo na sua direção.

71. A vida é uma droga. E você ainda reencarna.

72. Se está escrito "Tamanho Único", é porque não serve em ninguém.

73. Se o sapato serve, é feio!

74. Nunca há horas suficientes em um dia, mas sempre há muitos dias antes do
sábado.

75. Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone.

76. A beleza está à flor da pele, mas a feiúra vai até o osso!

77. A informação mais necessária é sempre a menos disponível.

78. A probabilidade do pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é
proporcional ao valor do carpete.

79. Confiança é aquele sentimento que você tem antes de compreender a
situação.

80. A fila do lado sempre anda mais rápido.

81. Nada é tão ruim que não possa piorar.

82. O material é danificado segundo a proporção direta do seu valor.

83. Se você está se sentindo bem, não se preocupe. Isso passa.

84. No ciclismo, não importa para onde você vai; é sempre morro acima e
contra o vento.

85. Por mais tomadas que se tenham em casa, os móveis estão sempre na
frente.

86. Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda, e o que não sai.

87. Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.

88. Você sabe que é um dia ruim quando: O sol nasce no oeste; você pula da
cama e erra o chão; o passarinho cantando lá fora é um urubu; seu bichinho
de cerâmica te morde.

89. Por que será que números errados nunca estão ocupados?

90. Mas você nunca vai usar todo esse espaço de Winchester!

91. Se você não está confuso, não está prestando atenção.

92. Na guerra, o inimigo ataca em duas ocasiões: quando ele está preparado,
e quando você não está.

93. Tudo que começa bem, termina mal. Tudo que começa mal, termina pior.

94. Amigos vêm e se vão, inimigos se acumulam.

95. "Pilhas não incluídas"

96. Você só precisará de um documento quando, espontaneamente, ele se mover
do lugar que você o deixou para o lugar onde você não irá encontrá-lo.

97. As crianças são incríveis. Em geral, elas repetem palavra por palavra
aquilo que você não deveria ter dito.

98. Uma maneira de se parar um cavalo de corrida é apostar nele.

99. Toda partícula que voa sempre encontra um olho.

100. Um morro nunca desce.

Maryllu disse...

Um cara que tocava flauta e gostava de cachorrinhos não devia ser um rabugento... pessimista em sentido lato... um reclamão...

O desejo de comunicação também é outro ponto forte, acho, nos que se identificam com ele, porque todo aquele humor é um sintoma desse desejo, acho.

Abraço pessimista

Duan Conrado Castro disse...

Maryllu,

Depois de tanto estudar Schops eu estou convencido de que ele se considerava um pessimista. Se todo esse meu texto cheio de citações do próprio filósofo não lhe convenceu eu não posso fazer mais nada...

Como eu disse em um comentário acima, se alguém me apresentar apenas uma citação na qual Schops diga que não é pessimista ou na qual ele critique o pessimismo (em vez de se mostrar simpático a ele), eu retiro TUDO o que eu disse.

Quanto a mim, eu decidi recentemente (nas últimas semanas) desistir de ser pessimista e empreender toda uma reprogramação mental para eu mudar de vida, pois esse meu pessimismo está me matando lentamente sem me dar qualquer perspectiva de libertação ou melhoria.

Roger disse...

Schopenhauer é o filósofo da Vontade
e a Vontade é cega e irracional.Discutir seu pessimismo é
bobagem. O importante é a ideia da Vontade, como um impulso causador de toda miséria humana, no que eu concordo. Esse famoso filósofo influenciou mesmo quem não queria e Nietzsche não seria filósofo sem ele como antecessor. Apenas um nega a Vontade enquanto outro enaltece. Não há incoerência entre os dois; há escapismos. Quanto a Nietzsche, quem disse que ele era otimista? Não valeria o mesmo dizer do "pessimismo" de Schopenhauer? Acho que mesmo os filósofos mais avessos a Schopenhauer são negativistas como ele e não veem a vida com bons olhos. A filosofia não vê um sentido na vida e não confundamos filosofia com teologia. O próprio Schopenhauer, numa de suas obras, nos diz que aquele que abarca o mundo com esperanças tende a se frustrar muito mais que aquele que o abarca com realismo. Se ele foi feliz ou infeliz, há contradições. Não perca seu pessimismo. O otimismo é a pior forma de pessimismo. É possível ser feliz sim sendo pessimista. Mas é claro que a vida é uma merda!